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Entre o digital e o "mão na massa": tecnologias educacionais no Ensino Infantil

Escrito por Usuário Autonomia | 13/04/2022

Após mais de dois anos de ensino híbrido na Educação Infantil, aprendemos muitas lições sobre tecnologias digitais para crianças. Com a volta das aulas presenciais, o desafio agora é dosar os recursos eletrônicos com experiências de vida real.

Quando se fala em tecnologias digitais para crianças no século XXI, costumamos levantar algumas questões. Quando devemos apresentar as telas para os pequenos e pequenas? De que forma podemos controlar o uso? Como balancear celulares e computadores com experiências concretas e pessoais?


Durante a pandemia, estes foram questionamentos que perduraram, também, no ambiente escolar. Na Escola Autonomia, o ensino híbrido trouxe aprendizados que enriqueceram a qualidade da educação nas telas. Buscamos de tudo: ambientes virtuais de aprendizagem sofisticados, aplicativos interativos, plataformas acolhedoras, jogos para alfabetização…

Agora, com a volta ao presencial, outras perguntas surgem: o que faremos com as tecnologias educacionais? Como podemos readaptar crianças pequenas que viveram grande parte de suas vidas reclusas em casa? O que ficou faltando para seus desenvolvimentos? O que podemos levar de lição?

Somos a favor da tecnologia, principalmente quando usada em prol de conexões tangíveis. Por isso, após dois anos de aprendizado com o digital, a Escola Autonomia está retornando sua atenção para as experiências concretas, sem perder de vista os recursos assimilados.

"No dia a dia do Ensino Infantil, percebemos dificuldades das crianças em comandas simples, como fazer refeições, se vestir, abrir pacotes… O rolar de dedo na tela está em dia, mas as outras atividades motoras, nem tanto. Dessa forma, queremos resgatar o senso de 'eu consigo' e 'eu posso', a autonomia dos estudantes.", comenta Filipe Gattino, diretor da Educação Infantil e Fundamental 1.

Assim, entendemos que os recursos que o ensino remoto nos trouxeram foram essenciais para a época, mas que agora precisam ser adaptados. O digital não pode substituir atividades fundamentais para o desenvolvimento das crianças, já que os pequenos e pequenas precisam de experiências concretas, como morder, tocar, segurar, cheirar, correr, brincar e se relacionar.

 

Uso criativo e cuidadoso da tecnologia

O projetor de imagens é um recurso atrativo para o Ensino Infantil. Tome como exemplo o estudo de insetos da natureza. São pequenos, frágeis e não podem ser vistos por muitas crianças ao mesmo tempo. Com o projetor, a situação muda: ao encontrarmos um tatu-bola de jardim, podemos colocá-lo na lente do projetor para que ele possa andar livremente. A imagem é ampliada dezenas de vezes, e os estudantes conseguem ver, coletivamente, o bichinho caminhando por aí. Que alegria das crianças!

Outro artifício é a elaboração de pequenos filmes. Quando as crianças fazem vídeos, conseguem levar momentos da escola para dentro de casa, mostrando para as famílias o que elas não veem no período escolar. Assim, os pequenos e pequenas do Ensino Infantil constroem relatos e memórias a partir da troca de experiências entre pais, irmãos, professores e colegas.

No Fundamental 1, exploramos nosso Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) com recursos sofisticados. Após 2020, alguns aplicativos se popularizaram no ensino híbrido, como Jamboard, Educacross, MindMeister, Padlet e até os mapas de satélite. No Autonomia, ampliamos a oferta com jogos para alfabetização, raciocínio lógico-matemático e inglês, por exemplo. Muito mais que um "despejador" de conteúdos, nosso AVA é complexo, lúdico, interativo e complementa a sala de aula.

Outra atividade de Ensino Fundamental que mescla conceitos digitais e analógicos é a Oficina de Lógica de Programação, projeto iniciado em 2022. Apesar das operações serem eletrônicas, crianças e adolescentes aprendem processamento de informações, novas linguagens e trabalho sistemático para além da tela do computador. Todas estas características são típicas de uma escola baseada no construtivismo e cultura maker.

"A criança deixa de ser somente o consumidor da tecnologia, e passa a ser também o produtor. Criamos projetos 'mão na massa' para que tenha essa inversão de papeis. Assim, a criança não é passiva com a tecnologia, ela explora, descobre e faz.", explica Silvia Kawassaki, coordenadora da Educação Infantil e Turno Estendido.

Com isso em mente, conseguimos estabelecer a união do analógico com o digital: a partir de recursos tecnológicos, como vídeos, fotos, projetores, mesas de luz e ambientes virtuais de aprendizagem, as crianças se conectam com experimentações da vida real. Assim, as possibilidades de ensino híbrido na educação infantil se potencializam, criando a balança ideal entre aqui e agora e lá no computador.

Filipe Gattino (Diretor/Educação Infantil e Fundamental 1)
Silvia Kawassaki (Coordenadora/Educação Infantil e Turno Estendido)
Tiago Carturani (Assessor/Tecnologias Educacionais)